Wednesday, February 22, 2006

Green Day: como vencer o síndroma dos 3 acordes



2004 terá sido o ano em que, definitivamente, a banda norte-americana Green Day venceu o estigma e o cliché do punk-rock e se afirmou como uma das bandas mais criativas de cena rock norte-americana da actualidade.
Os Green Day surgiram em 1984, em Oakland, California, centrados em Billie Joe Armstrong, guitarrista, vocalista e letrista princiapl, e Mike Dinrt (pseudónimo de Mike Pritchard), baixista, que se conheciam desde crianças. Inicialmente, adoptaram o nome de Sweet Children, uma óbvia alusão irónica à sua idade, 14 anos. Durante 5 anos, tiveram vários bateristas, mas em 1989, juntou-se-lhes John Kieftemeyer (que adoptou o pseudónimo de Al Sobrante). É por esta altura que mudam então o nome pelo qual viriam a ser conhecidos, Green Day, e lançam o seu primeiro EP, intitulado "1000 hours", que foi bem recebido na dinâmica cena punk da bay area do final dos anos 80. Rapidamente, assinam um contrato com uma empresa discográfica, a Lookout Records. Lançam ainda nesse ano o seu primeiro álbum, "39/Smooth". POuco depois, Al Sobrante sai da banda e é substituído por Tré Cool, que se tornará no baterista da banda.



O início dos ano 90 trouxe popularidade aos Green Day, que viam o seu trabalho a ser mais divulgado não só na Califórnia, mas também em estados vizinhos, e isto confirmou-se com o lançamento do segundo álbum, "Kerplunk", em 1992, que levou algumas das principais editoras a interessarem-se pelo trabalho da banda e a querer contratá-los. O trio escolheu a Reprise e foi nessa editora que lançou o seminal "Dookie", em 1994. O primeiro single foi "Longview", uma corajosa canção que abordava no ambiente mainstream temas como o tédio juvenil, a falta de soluções para os jovens e a masturbação, o que criou alguma polémica. No entanto, conquistou de imediato o público adolescente e a faixa etária entre os 20 e os 30 anos, orfãs do seu pai roqueiro, Kurt Cobain, que morrerra nesse ano levando assim ao fim dos Nirvana, a banda mais influente do início dos anos 90. O facto de aparecerem nesta altura levou a que alguns críticos apelidassem os Green Day de sucessores dos Nirvana, por serem um trio, por virem do meio independente e por terem sucesso, embora estes tivessem sempre recusado a comparação, pelo facto de não quererm carregar essa cruz e por, de facto, uma banda não ter grande coisa a ver com a outra. O segundo single de "Dookie" foi "Basket Case", que os lançou na Europa, e que esteve 5 semanas na frente da tabela de singles norte-americana. Quando o terceiro single, "When I come around", foi lançado, os Green Day tinham já vendido 5 milhões de cópias do álbum só nos EUA, acabando por vender 11 milhões a nível mundial. "Dookie" deu-lhes também um Grammy, de Melhor Álbum de Música Alternativa e levou-os a encetar uma tournée mundial, cujo ponto culminante foi a actuação no festival de Woodstock de 1994, onde uma batalha de lama com o público e uma fogueira dos instrumentos no palco principal mostravam que o mainstream não tinha domado os rebeldes Green Day.



Seguiu-se "Insomniac", em 1995, álbum que na altura foi mal recebido pela crítica, mas que lentamente tem sido reavaliado na sua qualidade. A forma como tentam fugir ao estilo "Dookie", tornando o som das guitarras mais pesado, não agradou aos críticos. Para mais, "Insomniac" é sobre temas pesados, como a rápida subida à fama protagonizada pela banda e os problemas de se ser conhecido, com um tom irónico proporcionado pela lírica de Armstrong. Fica no ouvido o fantástico "Brain Stew", música pesada sobre a insónia que dá o tom do álbum. O grand eproblema deste álbum, para as editoras, foi "só" ter vendido 4 milhões.




Em 1997, surge "Nimrod", na minha opinião o álbum mais conseguido da carreira dos Green Day. Vendeu menos de 2 milhões de cópias, mas contém aquela que será, porventura até 2004, a canção mais conhecida da banda: "Tim of your life", famosa por ter sido usada no último episódio de "Seinfeld" e num sem número de apanahdos das melhores imagens de qualquer ano. O facto de ser uma balada acústica vinda de uma banda sempre apelidade de puro punk rock é estranho só para quem se cinge aos preconceitos. O álbum "Nimrod" é o grande exemplo do potencial criativo dos Green Day na área do rock, numa série de temas que, bem rodados na rádio, podiam ser clássicos, como "Hithin a ride" (ou o que acontece quando o rock e o vaudeville se juntam); "Nice guys finish last", paródia que nunca mais acaba; "The grouch", um ácido comentário sobre o que significa crescer sem um sentido; "Walking alone", ao memso tempo doce e amargo retrato do sentir-se sozinho, e tudo isso sem chegar aos abismos da depressão ou da lamechice, o que é admirável. A experimentação está sempre presente, quer seja no instrumental "Last ride in", porventura uma das melhores músicas sobre a morte que pdoe ser posta a tocar num funeral, que cruza mariachis mexicanos, um tom havaiano e rock dos 60; "King for a day", folia sem parança num piscar de olhos ao travestismo, acompanhado por instrumentos de sopro endiabrados; e claro, "Time of your life", já referida, e o certificado de que sim, eles podiam fazer coisas diferentes do rótulo que lhes atribuíam. Com "Nimrod", a banda ganhou mais respeito do que se tivesse feito outro álbum mais comercial.



A onda de experimentação continuou com "Warning", um álbum à primeira vista leve e inconsequente, mas inegavelmente bem escrito. Desde a fantástica abertura (uma tradição típica da banda, a de colocar primeiras músicas que prendem logo as pessoas aos álbuns) com "Warning", o tema que dá título ao álbum (outra coisa que os Green Day nunca itnham feito, colocar uma música com o memso nome que o álbum), o disco segue de forma escorreita, sem sobressaltos. É previsível, mas ainda assim agradável de ouvir, com verdadeiras músicas pop perfeitas (ocorrem-me assim de repente "Waiting", a própria "Warning" e "Church on sunday"), havendo espaço para a bizarria em "Misery", tema com orquestra de cordas e de sopros que conta a história de chulos parolos e amor lésbico e que dá uma tremenda vontade de dançar à maluca. Até há espaço para o popularucho óbvio, o primeiro single "Minority". No entanto, o álbum não tece grande sucesso. Para além disso, começavam-se a criar cisões na banda, com os membros a discutirem cada vez mais sobre o rumo que o projecto estava a tomar. Inevitavelmente, a pergunta esperada surgiu: "Será que ainda nos dá gozo fazer música como Green Day?"



Para tentar salvar a banda e resolver as coisas entre eles, Billie Joe, Mike e Tré estiveram um ano sem se ver, após a edião do best of "International Superhits" em 2001 e a colectânea de lados B "Shenanigans" em 2002. 2003 foi portanto um ano de sabática para todos, que exploraram outros projectos mais pessoais (no caso de Billie Joe, os Pinhead gunpowder, e no de Dirnt, os Frustrators). De forma a resolver os problemas entre eles, e contrariamente aos Mettallica, que foram a um psicólogo, os membros dos Green Day sentaram-se numa mesma divisão a atiraram tudo cá para fora, desdes os problemas que tinham entre si (e que passavampela infantilidade em algumas atitudes à derivação dos objectivos inciais da banda) até ao definir se se queriam manter como Green Day. Decidiram tentar mais uma vez e realizar um último álbum. Se gostassem, prosseguiam; se as coisas corressem pelo pior, os Green Day terminavam. Pelo caminho que conduziria a "American idiot", outro percalço: a primeira versão do novo álbum dos Green Day, ainda não "American idiot", desapareceu misteriosamente, supostamente roubada. O trio ficou profundamente desalentado, mas enocntrou em mais esta fraqueza uma força: ao invés de regravar os temas roubados, decidiu seguir em frente e fazer algo de novo. O resultado foi a ópera rock "American idiot"




"American idiot" saiu a 20 de Setembro de 2004 e causou logo sensação pela sua estrutura operática, algo que não é muito comum encontrar na música rock actual e que encontra as suas raízes nos The Who. Foi imediatamente aclamado pela crítica como um dos grandes álbuns não só de 2004, como de início de século e visto como um novo sopro no rock mainstream norte-americano. O primeiro single, homónimo, foi um sucesso imediato, mas só com o segundo, "Boulevard of broken dreams", é que o álbum alcançou uma dimensão planetária que já não se via desde "Dookie". Choveram 7 nomeações para os Grammy, incluindo Melhor álbum do ano, Melhor canção do ano e Melhor grupo do ano, tendo ganho apenas a de Melhor álbum rock. No entanto, tinham regressado em grande estilo. segundo alguns, tinham praticamente ressuscitado. O álbum foi tendo vários singles, uns a seguir aos outros: "Holiday", a tocante balada "Wake me up when September ends" e o arrojo de uma das suas 2 peças de nove minutos, "Jesus of Suburbia". O coroar do sucesso foi uma triunfante tournée mundial, que ficaria registada no DVD ao vivo "Bullet in a bible", testemunho do concerto dado em Inglaterra, em Milton Keynes, para 120 000 pessoas em dois dias. Ao vivo, os Green Day são provavelmente uma das melhores bandas do mundo.
Este álbum é talvez o mais equilibrado dos Green Day, embora chegue a superar Nimrod. As canções interligam-se na perfeição, formando um conjutno homogéneo, que acaba por ser uma ópera de um arrojo desmedido para uma banda sempre apelidade de imatura. É o comprovar da maturidade musical dos Green Day. Não sabemos o que se seguirá, mas a parada está muito alta. No entanto, após ter ganho um Grammy em 2006 com um álbum de 2004, pressinto que a popularidade da banda não faz tenção de baixar e que o próximo álbum será o verdadeiro tira-teimas da sua carreira para muitos. Eu acredito que vão vencer.

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